CONFERENCIA DA ONU SOBRE RACISMO OU PALANQUE PARA ANTISSEMITISMO?
Declarações Sobre a Conferência Durban II
"Conferência da ONU sobre Racismo" ou palanque para o antissemitismo?
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Mahmoud Ahmadinejad em seu discurso. |
Documento da “Conferência Mundial sobre o Racismo” é aprovado por consenso - Mais de 150 países, entre eles o Irã, aprovaram uma declaração da ONU que pede o combate mundial à intolerância e à xenofobia. A versão final do texto da "Conferência Mundial sobre o Racismo" foi adotado por consenso após dias de negociações. A aprovação ocorreu depois que os países islâmicos cederam em suas exigências e concordaram com um parágrafo que diz: "o Holocausto jamais deve ser esquecido". De acordo com Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, "o documento é muito equilibrado e estabelece um marco concreto de ação em uma campanha global na busca da justiça para as vítimas do racismo no mundo". Leia na íntegra o rascunho do texto aprovado (em inglês).
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU - "Lamento a utilização desta plataforma pelo presidente iraniano para fazer acusações, dividir e mesmo provocar. É profundamente lamentável que meu apelo para que olhássemos para um futuro de unidade não tenha sido ouvido pelo presidente iraniano. Antes do discurso, tive um longo encontro com o presidente Ahmadinejad e pedi que ele desse uma contribuição balanceada e construtiva à conferência, porque ele era o único chefe de Estado presente". Neste encontro, de 75 minutos, Ban Ki-moon lembrou ao líder iraniano que a ONU aprovou várias resoluções "que eliminam a equação de sionismo com racismo e reafirmam os fatos históricos do Holocausto".
Vaticano - A decisão do papa Bento XVI de enviar uma delegação do Vaticano à conferência provocou nova ruptura nas relações com grupos judaicos. "Com sua participação, o Vaticano deu seu endosso ao que foi preparado contra Israel", afirmou o rabino-chefe de Roma, Riccardi Di Segni, ao jornal italiano La Stampa. Já Shimon Samuels, diretor do escritório europeu do Centro Simon Wiesenthal, disse que o Vaticano "está dando o selo de sua aprovação à campanha de ódio" contra Israel. "Não é uma posição sobre a qual seja possível transigir. Não é possível ficar em cima do muro. O Vaticano é uma voz poderosa, e um boicote dele teria tido efeito demonstrativo poderoso".
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Delegados europeu se retiram da "Conferência da ONU sobre Racismo" em protesto contra as palavras do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. |
Elie Wiesel, “Prêmio Nobel da Paz” e sobrevivente do Holocausto - "O fato de que esta pessoa seja convidada à ONU é algo que não posso compreender. Por que ele teve permissão para dizer o que disse, por que o presidente não o interrompeu, é algo que não compreendo. A presença de Ahmadinejad e seu discurso foram um insulto a nossa inteligência, um insulto a nossa sensibilidade e um insulto a nossa memória. Aqui estamos nas Nações Unidas, uma organização criada como uma resposta às atrocidades da II Guerra Mundial, e temos que protestar contra um discurso antissemita". Para Wiesel, Ahmadinejad insiste com os comentários contra Israel porque "deseja entrar para a história do Islã como o primeiro e único líder islâmico que aniquilou o povo judeu. Ele é uma vergonha para todo o mundo, a diplomacia, as relações internacionais e para os que ainda acreditam nas pessoas".
Reuven Rivlin, presidente do Parlamento israelense (Knesset) - "O ódio expressado pelo presidente do Irã é uma advertência a toda humanidade: corremos o perigo de ver a repetição do Holocausto e isso será causado por pessoas como Mahmoud Ahamdinejad. Desta vez ele usa barba e fala persa, mas suas palavras são as mesmas, as aspirações são as mesmas e a determinação de buscar armas para alcançar essas ideias tem a mesma ameaçadora determinação".
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel - "Não vamos tolerar que aqueles que negam o Holocausto realizem um novo massacre contra o povo judeu. Essa é a tarefa mais importante dos que estão em Israel e é minha tarefa mais importante como primeiro-ministro".
Silvan Shalom, vice-primeiro-ministro de Israel - "O que o Irã trata de fazer atualmente é o que Hitler fez com o povo judeu há 65 anos. Com os seus mísseis de longo alcance, o Irã pode atacar Londres, Paris, Berlim, Roma e o sul da Rússia".
Avigdor Liberman, ministro das Relações Exteriores de Israel - “Israel decidiu boicotar a conferência internacional que supostamente deveria promover a luta contra o racismo, realizada em Genebra, porque chegou à triste conclusão que, ao invés de tratar de questões relacionadas à luta internacional contra o racismo e a xenofobia, a conferência será mais uma vez usada para denegrir e criticar Israel. Este foi o caso da primeira conferência de Durban em 2001, durante a qual as questões relevantes na agenda internacional foram ignoradas em favor dos ferrenhos ataques contra o Estado de Israel. Uma conferência internacional na qual Ahmadinejad - um racista conhecido por sua constante pregação contra a destruição de Israel - não é apenas convidado a participar, mas é recebido como um dos principais palestrantes, demonstra claramente os objetivos e caráter verdadeiro da conferência. Israel não pode ignorar o fato de que a conferência, que está recebendo alguém que nega constantemente o Holocausto está acontecendo no mesmo dia em que milhões de judeus se recordam das seis milhões de vítimas do Holocausto, assassinados na Europa pela Alemanha nazista e seus seguidores. O Estado de Israel expressa sua gratidão àqueles países que já anunciaram o boicote à conferência de hipocrisia realizada em Genebra, e conclama à outros países a seguirem seu exemplo”.
Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico Latino Americano – “Alguns repudiaram as declarações de Ahmadinejad, mas nos surpreende enormemente a passividade de determinados países. O fato lembra o início do nazismo na Alemanha. Esperamos que ainda emitam sua voz embora já devessem ter feito”.
Governo brasileiro - A delegação brasileira está sendo liderada na “Conferência Mundial sobre o Racismo” pelo ministro-chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos. Segundo a Secretaria, o ministro e o restante da delegação brasileira permaneceram no recinto durante o discurso de Ahmadinejad sem, no entanto, "fazer nenhuma menção negativa ou positiva" em relação às palavras do presidente iraniano. Porém, ontem (dia 21 de abril), Edson Santos afirmou: "Ahmadinejad esteve aqui com um discurso agressivo, de intolerância, que não reconhece fatos históricos condenados pela Humanidade, a saber, o Holocausto". Ele também criticou o boicote de alguns países ao encontro: "acho inconcebível a postura intransigente e intolerante de determinados países evidentemente liderados por Israel e pelos EUA". Já o Itamaraty emitiu a seguinte nota oficial: “O Brasil atribui grande importância à “Conferência de Revisão de Durban sobre Discriminação Racial”, que ocorre em Genebra entre 20 e 24 de abril. Para alcançar os objetivos da conferência, o engajamento de todos no diálogo internacional é crucial. O governo brasileiro tomou conhecimento, com particular preocupação, do discurso do presidente iraniano que, entre outros aspectos, diminui a importância de acontecimentos trágicos e historicamente comprovados, como o Holocausto. O governo brasileiro considera que manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação. O governo brasileiro aproveitará a visita do presidente Ahmadinejad, prevista para o dia 06 de maio, para reiterar ao governo iraniano suas opiniões sobre esses temas”.
Cláudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil/Conib – “A Confederação Israelita do Brasil repudia veementemente o discurso feito nesta segunda-feira pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que usou uma tribuna das Nações Unidas para atacar, de forma inaceitável, o Estado de Israel, criado em 1948 a partir de uma decisão da própria ONU. Com sua retórica beligerante, o dirigente iraniano evidenciou mais uma vez a face de um regime notório por suas ações para a desestabilização do Oriente Médio e pela sistemática violação de direitos humanos perpetrada pelo regime de Teerã. Interessado em semear a intolerância, Mahmoud Ahmadinejad ignorou apelos do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que havia pedido ao presidente iraniano moderação em seu discurso. Há poucos dias, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também tinha sinalizado sua disposição em dialogar com Teerã, o que levou observadores mais otimistas a apostarem na possibilidade de o Irã responder a esses apelos com um novo rumo em sua relação com os países ocidentais. Mahmoud Ahmadinejad, que já manifestou o desejo de “varrer Israel do mapa” e negou a existência do Holocausto, responde agora a ofertas de diálogo com mais intolerância e agressividade. Seu discurso na segunda-feira provocou a saída de dezenas de diplomatas, boa parte deles de países da União Européia, do recinto em Genebra onde se realizava a sessão da conferência da ONU. O presidente do Irã, mais uma vez, voltou a provocar a comunidade internacional. Sua atuação não representa uma ameaça apenas a Israel, mas a todas as nações comprometidas com a democracia. No caso do programa nuclear iraniano, Teerã já ignora três rodadas de sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU e leva adiante suas ambições atômicas. É inaceitável o descaso com que o presidente do Irã trata uma instituição como a ONU e toda a comunidade internacional. Mahmoud Ahmadinejad despreza o diálogo e a democracia, dois ingredientes fundamentais para a busca da paz, da justiça e da segurança nos dias de hoje. Acreditamos ainda que a visita de Ahmadinejad ao Brasil, prevista para maio, não responde aos interesses da construção da democracia em nosso país e tampouco envia a sinalização correta a um líder que, em vez de priorizar o diálogo, cultiva o confronto. Repudiamos a eventual presença de Ahmadinejad no solo de um país como o nosso, democrático e hospitaleiro, que acolheu tantos sobreviventes do Holocausto. Esperamos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com seu histórico de comprometimento com a democracia e com os direitos humanos, não permita que o presidente do Irã acredite ter um aliado em Brasília”. (extraído de www.jornalalef.com.br)