ENTREVISTA COM O DR.RANDALL PRICE,ESPECIALISTA EM ORIENTE MÉDIO

19-09-2012 14:28

O Dr. Randall Price é Ph.D. em Estudos do Oriente Médio pela Universidade do Texas. Ele é arqueólogo, cientista político e teólogo, morou em Jerusalém e estudou na Universidade Hebraica. Randall Price é autor de diversos best-sellers em língua inglesa e presidente do World of the Bible Ministries. Esta entrevista foi realizada por ocasião do nosso “Congresso Sobre a Palavra Profética” em Myrtle Beach /SC, nos EUA.

– Norbert Lieth: Na sua opinião, que chances tem o processo de paz entre Israel e os palestinos?

– Randall Price: Com a proposta de paz, ou seja, com o “Mapa do Caminho” aconteceu mais ou menos o mesmo que ocorreu com os Acordos de Oslo, que fracassaram. Os pontos nevrálgicos são o status de Jerusalém, o retorno dos refugiados palestinos para Israel e a situação de todos os lugares santos.

Randall Price: “Precisamos entender o tempo em que vivemos. Quando não o compreendemos, não percebemos a diferença entre Israel e as nações”.
 

O governo palestino exigiu o direito de retorno para todos os refugiados palestinos com seus filhos e os filhos de seus filhos, o que representa 5 milhões de pessoas. Isso equivaleria ao suicídio de Israel. Outro problema foi que os palestinos, no que diz respeito ao status de Jerusalém, não estavam dispostos a nenhuma concessão. Durante as conversações de Camp David, que já aconteceram por duas vezes, também não foi possível chegar a um denominador comum. Durante essas conversações, Ehud Barak, o então primeiro-ministro de Israel, ofereceu a Arafat mais que qualquer líder israelense antes dele. Ele até propôs o reconhecimento da soberania palestina sobre o monte do Templo. A única contrapartida que Barak exigia nesse ponto era a soberania israelense sobre o que existe debaixo do monte: as escavações arqueológicas. Mas a proposta fracassou porque Arafat não queria, de forma alguma, reconhecer que no local houve um templo judeu em algum momento da história. Arafat retirou-se do processo de paz e a segunda intifada (rebelião) teve seu início. [...]

A posição de Israel, sem dúvida, se fortaleceu. Mas se nos últimos dez anos não foi possível alcançar um acordo que, ao menos, deixasse abertas as portas para a paz, por que isso seria possível agora, quando os dois lados se afastaram tanto, endureceram suas posições e há mais violência do que nunca? Espera-se a resposta do “quarteto”, formado pelos Estados Unidos, pela União Européia, pela Rússia e pelas Nações Unidas. Mas nenhum dos quatro detém qualquer controle sobre o islã militante, e esse é o grande problema.

– Qual o potencial de perigo do islã para o Ocidente?

Os Estados Unidos estão em oposição ao islã desde 11 de setembro de 2001.
 

– Os prédios de embaixadas americanas e de outros países já foram alvos de ataques terroristas. Até meados dos anos 90 ninguém imaginava que os militantes islâmicos conseguissem realizar ataques nos Estados Unidos e no mundo ocidental. Mas esse foi um grande engano. Primeiro, os islâmicos precisavam infiltrar-se no Ocidente, e agora, depois de 11 de setembro de 2001, eles esperam causar ainda mais danos aos Estados Unidos. O mesmo problema existe também no Oriente Médio.

– As posições dos Estados Unidos e da Europa são relativamente contrárias. O perigo do terrorismo islâmico é subestimado pela Europa ou superestimado pelos Estados Unidos?

– Os Estados Unidos estão em oposição ao islã desde 11 de setembro de 2001. Na Europa há uma postura mais aberta em relação ao islã e lá os muçulmanos estão mais integrados na sociedade. Naturalmente estou falando como americano, e minha experiência se baseia na situação nos Estados Unidos; mas não há dúvida de que muitas coisas são exageradas. Por outro lado, outras nem chegaram a ser publicadas para não assustar ainda mais o povo americano. O problema do terrorismo continua o mesmo de antes de 11 de setembro, e a posição norte-americana frente ao terrorismo não mudou. O perigo de ataques continua a existir.

– Na Bíblia há referências ao islã e indicações do conflito nos tempos finais?

– Não diretamente. Mas a Bíblia fala de um poderio político-religioso que dominará o mundo, e o islã é um exemplo desse tipo de estrutura de poder. A Bíblia também fala de falsos cristos e falsos profetas que virão nos últimos dias seduzindo a muitos. O islã se encaixa nessa categoria.

– Que importância a pregação da palavra profética deveria ter nas igrejas?

A propagação da palavra profética é muito importante para a Igreja de Jesus porque as profecias, como constam na Bíblia, nos motivam a evangelizar, a trabalhar na expansão do reino de Deus e nos fortalecem na fé. Obviamente também temos responsabilidade em relação ao futuro. Quando não entendemos as profecias também deixamos de compreender o contexto bíblico por lhe faltar um componente importante. Precisamos entender o tempo em que vivemos. Quando não o compreendemos, não percebemos a diferença entre Israel e as nações, e isso cria um grande problema. Se nestes tempos de medo tivéssemos de viver sem a esperança de que a Igreja será arrebatada, que Deus controla todo o destino da humanidade e que nos aproximamos do fim, estaríamos expostos a todo tipo de teoria, temor e incerteza.

– Falamos sobre diversas questões relacionadas ao islã, mas como o senhor avalia a situação espiritual em Israel?

– Devemos avaliar a questão sob três aspectos:

1. O cumprimento das promessas divinas independe da situação de Israel, pois elas são eternamente válidas e condicionadas unicamente a Ele. Deus cumprirá todas as Suas promessas sem qualquer intervenção humana. A situação espiritual em Israel, portanto, não é decisiva no que diz respeito ao cumprimento da palavra profética. O Estado de Israel foi fundado através do sionismo e os judeus voltaram para sua terra como povo não-crente. Neste contexto, entretanto, a Bíblia diz que uma nação nasceria em um único dia (veja Is 66.7-9). Israel, portanto, renascerá espiritualmente como nação quando estiver em sua própria terra – em um único dia. Os profetas predisseram – por exemplo, em Ezequiel 37 – que os judeus voltariam em etapas: primeiro para sua terra e depois para o Senhor.

Os judeus ultra-ortodoxos e até o prefeito de Jerusalém negam-se a tocar no monte do Templo enquanto este estiver sob domínio árabe. 
 

2. Os ortodoxos e os sionistas crêem que Israel precisa atingir um nível espiritual superior e que é necessário seguir a Lei para que Deus possa cumprir Suas promessas. Desse grupo fazem parte os que querem reconstruir o Templo e reassumir a soberania sobre o monte do Templo. Os ultra-ortodoxos e até o prefeito de Jerusalém negam-se a tocar no monte do Templo enquanto este estiver sob domínio árabe.

3. Atualmente, os judeus messiânicos têm mais expressão do que em qualquer outra época. Oitenta por cento de todos os israelenses são secularizados e nem estão interessados em religião, mas tiveram ensino bíblico na escola, freqüentam a sinagoga regularmente e celebram as festas religiosas com bastante fidelidade. Mas eles não são praticantes da religião nem seguem as normas da alimentaçãokosher (ritualmente pura). Quase todos os judeus, entretanto, crêem que a Bíblia tem razão e que a terra foi dada a eles.

– Será construído um Terceiro Templo, um Templo do Anticristo? Em que estágio se encontram os preparativos?

– Recentemente estive com o ministro do Turismo de Israel. Ele participou de uma marcha de protesto com milhares de pessoas que proclamavam que Jerusalém foi o lugar do Primeiro e do Segundo Templos judeus e também será o lugar do Terceiro Templo. Existem opiniões diferentes sobre quando o Terceiro Templo será erguido. Alguns dizem que ele deve ser construído agora, outros afirmam que se deve esperar até que o Messias venha e o construa. Seja como for, em 1967, quando Israel retomou o monte do Templo, Shlomo Goren, o então rabino-mor de Israel, disse que a era messiânica tinha começado com essa conquista. Muitas coisas mudaram desde 1967. Mas se Israel obtivesse a soberania sobre o monte do Templo através de algum acordo de paz, certamente todos os israelenses, seculares ou ortodoxos, apoiariam a construção de um novo Templo. Atualmente, 58% dos israelenses são a favor dessa idéia.

Preparativos para a reconstrução do Templo estão sendo feitos por diversas organizações e movimentos, mas ninguém acredita que isso seja politicamente possível no momento. Porém, todos eles querem estar prontos para quando esse dia chegar. Os preparativos estão adiantados e esses grupos são tão bem organizados que em seis meses o novo Tempo poderá estar de pé. Como cristãos, sabemos que esse Templo será construído, pois o Anticristo se assentará nele e fará cessar o sacrifício (veja Dn 9.27; 2 Ts 2.4).

– Como a Igreja de Jesus deveria se comportar tanto em relação a Israel quanto aos muçulmanos?

Ambos, judeus e muçulmanos, precisam crer em Jesus Cristo para serem salvos. Precisamos levar o Evangelho a eles. Tanto judeus como muçulmanos estão longe da fé viva em Jesus. É lógico que muitos cristãos nominais também precisam do Evangelho. Mas devemos prestar atenção ao ponto de vista bíblico, ou seja, que a aliança de Deus com Israel está em vigor ainda hoje e através dela Deus abençoa o mundo inteiro. Se queremos honrar o programa profético de Deus e cumprir nossa tarefa como cristãos dentre as nações gentias, temos a obrigação de aceitar e apoiar o plano divino com Israel. Honramos e respeitamos Seu programa profético com Seu povo. Amamos Israel porque Deus o ama, e deveríamos estar ao seu lado. Mas devemos considerar que existe somente uma justiça, e esta é encontrada apenas em Jesus.

Naturalmente temos de lembrar que o islã é uma religião militante, especialmente contra o cristianismo. Precisamos testemunhar de nossa fé para os muçulmanos e para os judeus, mas é igualmente importante estarmos informados sobre o islã. Muitos muçulmanos nem sabem o quanto sua religião é militante. Os moderados também podem transformar-se rapidamente em fanáticos; a postura de cada muçulmano é de obediência ao Corão e a seus líderes religiosos.

Não podemos tratar os muçulmanos como tratamos os judeus, pois eles têm religiões muito diferentes. Israel é uma democracia construída sobre a cultura da Bíblia. Os governos dos países islâmicos baseiam-se no Corão, e este é extremamente ditatorial e nada democrático. O Evangelho precisa ser pregado a todas as nações. Mas devemos ser muito cuidadosos e sábios em nossa maneira de agir quando pregamos o Evangelho aos muçulmanos.

– Dr. Price, muito obrigado pelas suas explicações.

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