Estrela de Davi

Na língua hebraica encontramos Estrela de Davi grafado como דוד מגן, e Magen David, em sua forma transliterada. É um símbolo utilizado pelo judaísmo, cuja forma é de uma estrela formada por dois triângulos iguais sobrepostos, tendo uma ponta para cima e outra para baixo. A palavra magen significa escudo, broquel, defesa, governante, homem armado, escamas. O substantivo magen refere-se a um objeto que proporciona cobertura e proteção ao corpo durante um combate.

O salmo noventa e um traz um comentário sucinto indicando o sinal messiânico nas palavras de Moisés: “Ele te cobrirá com as suas penas e debaixo das suas asas estarás seguro; a sua fidelidade será teu escudo e broquel”. (Sl 91:4) O poeta fala a si mesmo e a seus companheiros; ele sabe que é Elohim o seu escudo e broquel, e o socorrerá contra os complôs dos homens e contra ameaças das doenças.

O NOME DO REI ESCRITO EM LETRAS HEBRAICAS

De acordo com a tradição judaica, esse símbolo era desenhado ou encravado sobre os escudos dos guerreiros do exército do Rei David. Essa tradição teve origem no fato do nome hebraico para Davi (pronunciado David) ser escrito originalmente por três letras do alfabeto hebraico: dalet, vav, dalet. Essas duas letras dalet tinham uma forma triangular no alfabeto hebraico, usado até então como uma variação do alfabeto fenício, conhecido como proto-hebraico. Essas duas letras então, eram encravadas nos escudos dos soldados, uma sobreposta a outra, formando uma espécie de estrela.

O símbolo teve sua primeira ligação ao judaísmo, quando um selo judaico foi encontrado na cidade de Sidom, no século IV A.C. na chamada Era do Bronze. Aparece também em muitas sinagogas antigas, na terra de Israel, datadas da época do Segundo Templo e até mesmo, em algumas, depois de sua destruição pelos romanos.

A efetiva identificação da Estrela de Davi com o judaísmo começou na Idade Média. No ano 1354, o Rei Carlos IV (Karel IV), concedeu à comunidade judaica de Praga o privilégio de ter sua própria bandeira. Os judeus confeccionaram a Estrela de Davi, em ouro, num fundo vermelho – um hexagrama. Documentos referem-se a este símbolo como sendo a “bandeira do Rei Davi”. Em Praga, a estrela de seis pontas, sempre chamada de Maguen David, passou a ser usada em sinagogas, como no selo oficial da comunidade e em livros impressos. No século XIX difundiu-se o símbolo da Estrela de Davi também nos carimbos de judeus e sobre as cortinas das Arcas Santas das Sinagogas.

A nota messiânica, expressa pela Torah em Números 24:17 que traz a estrela, é ainda mais importante do que a marca nacionalista, pois a estrela tem sua origem no povo de Israel. Essa estrela em seu cumprimento preliminar é David, o qual haveria de derrotar, militarmente, os moabitas: “Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto. Uma estrela procederá de Jacó, e de Israel subirá um cetro que quebrará todas as têmporas de Moabe, e destruirá todos os filhos de Sete”. (Nm 24:17)

O poder que se ergueria dentre Israel traduziria derrota para os inimigos de Israel, a começar por Moabe. Sabe-se que este oráculo é geralmente aceito como messiânico. O Messias não é evocado explicitamente na Torah, mas ele é buscado e encontrado por todos nas profecias de Balaão.

O profeta Isaías faz menção da alvorada messiânica; Israel como estrela luminosa refletindo luz para todas as nações: “As nações caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu”. (Is 60:3)

USOS DO SÍMBOLO

Durante a Alemanha nazista, os judeus que estavam aprisionados em campos de concentração, possuíam a “estrela dos judeus” costurada em suas camisas. Dentro da estrela de Davi havia a inscrição “Jude”, em alemão, judeu. O símbolo era usado para facilitar a identificação dos judeus.

“Estrela de Davi Amarela”- usada pelos nazistas. Hitler usou a estrela como sinal de extrema desonra, opróbio, infâmia e morte.

Os magos identificaram-na como anúncio da Salvação prometida: “E perguntavam: onde está o recém-nascido, o rei dos judeus? Sim, vimos sua estrela no levante, e vimos nos prostrar diante dele”. (Mt 2:2)

Em vista de quaisquer ameaças, a corte de Herodes mostrava-se totalmente perturbada, ainda mais com o nascimento de uma criança predestinada: “Ora, o rei Herodes a isto escuta. Perturba-se, e toda Jerusalém com ele. Ele reúne todos os chefes dos ministrantes e os escribas do povo. Ele indaga: Onde nascerá o Messias? Eles lhe dizem: Em Béit Lehém (Belém) de Judá. Sim, está escrito pelo profeta”. (Mt 2:3-5)

Béit Lehém (Belém) que significa “A Casa do Pão”. Belém fica localizada a 6 km ao sul de Jerusalém; situa-se a 800 metros de altitude, nos montes da Judeia, na estrada de Hebrom, cidade Natal do Rei Davi: “Davi era filho daquele efrateu de Belém de Judá, cujo nome era Jessé, que tinha oito filhos; nos dias de Saul, era já velho e adiantado em anos entre os homens”. (I Sm 17:12). Ela é então escolhida para ser a cidade natal do Rei Messias: “Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, a ti me sairá, aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. (Mq 5:2)

Os magos viajaram de Jerusalém a Belém com a estrela adiante deles, como um homem agita uma luz para guiar quem o segue: “Tendo eles ouvido o Rei, partiram. E a estrela que tinham visto no oriente, ia adiante deles até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino”. (Mt 2:9) Encontrando o menino, se inclinaram e se prostraram, até se estenderem completamente sobre o chão com a testa na terra em sinal de adoração.

Depois do estabelecimento do Estado de Israel, o Conselho do Estado Provisório aceitou a decisão do comitê – uma proposta de um símbolo, confirmada em 28 de outubro de 1948. A Estrela de Davi, um simples símbolo judaico ornamental, é elevada ao nível de símbolo supremo do recém-estabelecido Estado Judeu. Situada ao centro, e em meio a duas faixas azul-celeste, passa a fazer parte da Bandeira da Nação. A Estrela de Davi é uma representação, por meio das duas faixas azuis, do xale de orações judaico (em hebraico conhecido como talit). Hoje a Estrela de Davi é universalmente conhecida como o símbolo mais popular do povo judeu.

Yeshua, como autêntico descendente de Davi, é proclamado Rei de Israel com título duplo: sacerdotal como Messias, e real enquanto descendente do Rei Davi; resplandece como estrela da manhã, diz o livro de Apocalipse: “Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã”. (Ap 22:16b)