EUA ameaçam deixar diálogo com Irã se não houver ‘bom acordo’
O ESTADO DE S. PAULO
06 Julho 2015 | 03h 00
Kerry diz que houve ‘progressos genuínos’, mas ainda há questões difíceis para serem resolvidas até amanhã
O Irã e os Estados Unidos fizeram “progresso genuíno” nas negociações para um acordo nuclear, mas há várias questões difíceis para resolver e Washington está pronta para se afastar das conversações se for necessário, disse ontem o secretário de Estado dos EUA, John Kerry.
“Chegou a hora de ver se podemos ou não chegar a um acordo”, disse Kerry, acrescentando que as negociações ainda poderiam ir “para um lado ou outro”.
“Nos últimos dias, fizemos progressos genuínos, mas quero ser absolutamente claro com todos, não estamos onde deveríamos estar com relação a várias das questões mais difíceis”, acrescentou Kerry. Ele realizou três reuniões ontem com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif.
As negociações em Viena foram retomadas formalmente há nove dias. “Esperamos ter um acordo justo (...) e sair de cabeça erguida para mostrar ao mundo que os países podem se entender (...), mas ainda temos problemas difíceis a resolver”, disse. “Se decisões difíceis forem tomadas rapidamente nos próximos dias, poderemos chegar a um acordo nesta semana. Se isso não acontecer, não alcançaremos o prazo”, acrescentou Kerry. Os negociadores têm, teoricamente, até amanhã para chegar a um acordo.
Os ministros do chamado P5+1 (os 5 membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, EUA, Grã-Bretanha, Rússia, China, França, mais a Alemanha) se reuniram novamente ontem em Viena.
Há 20 meses o Irã e as potências tentam resolver a questão sobre o programa nuclear iraniano. O objetivo é assegurar que o programa de Teerã não tenha uma dimensão militar, em troca da suspensão das sanções internacionais que há uma década afetam a economia do Irã. Os iranianos reivindicam uma suspensão rápida e global das sanções, mas as potências defendem um levantamento progressivo e reversível para o caso de o Irã violar o acordo. / AFP