FESTAS JUDAICAS

13-12-2011 10:26

 

A Festa de Hanukká

 

Rav Marcelo M. Guimarães e Matheus Z. Guimarães

 

Primeiramente, o que significa a palavra hebraica Hanukká? Hanukká significa consagração ou dedicação. Esta festa é também conhecida no meio judeu como Festa das Luzes. Em João 10:22, vemos Yeshua (Jesus) passeando no Templo na comemoração da Festa da Dedicação. Essa passagem é a única passagem bíblica no Novo Testamento que se refere à referida festa. Não encontramos esta celebração no Antigo Testamento porque o fato ocorrido que deu origem a esta festa aconteceu no ano 162 a.C.

 

 

 

Histórico e significado desta festa para os judeus

 

 

 

Vindo da Macedônia, o império grego expande-se de maneira significativa, conquistando desde o Egito, Oriente Médio, até a Índia. Depois da morte de seu grande Imperador, Alexandre (336-323 a.C.), vários generais lutam pelo controle do Império. O imperador seleucita, Antiochus Epiphanes (175-163 a.C.), conquista o domínio sobre a região do Oriente Médio e investe fortemente em toda a região da Judéia, impondo os costumes, as tradições, a religião e o pensamento grego Helenístico. Para os judeus, ele proíbe a circuncisão, a observância do Shabat, todas as restrições de comida (Kashrut), e estipula que apenas porcos poderiam ser sacrificados no Templo. Ele mesmo, num gesto de desrespeito e profanação, oferece um porco como sacrifício a Zeus, no interior do templo, no Santo dos Santos. Todos os utensílios do interior e exterior do templo são retirados, e o local passa a ser mais um dos templos do deus grego Zeus.

 

 

 

É interessante frisar que a cultura e o pensamento helenístico grego eram muito bem aceitos pelos povos dominados. O culto à mente humana e os pensamentos filosóficos revolucionários e modernos, eram vistos como sendo expressões de uma cultura extremamente mais desenvolvida. Com exceção de Israel, o pensamento e os costumes helenísticos eram aceitos, quase em sua maioria, de maneira espontânea e não obrigatória, já que um dos aspectos gregos de domínio era a não imposição da sua religião. Os povos dominados eram todos politeístas, e a aceitação de um ou mais deuses de uma cultura muito mais avançada não representava grande problema. Mas, é claro, com a nação de Israel não foi assim. Os judeus sempre foram um povo distinto e separado das outras nações pelo fato de crerem em um só D-us e de terem mandamentos e ordenanças específicas. Por este motivo, o domínio grego em Israel foi bem mais brutal e violento.

 

 

 

Certo dia, um oficial sírio ordena que Matitiahu Ha Macabí (Matheus, o Martelo), cabeça de uma importante família de sacerdotes do Templo, oferecesse um porco no altar. Matitiahu, juntamente com seus cinco filhos, dão início a uma revolta judaica, matando o oficial sírio e todos os seus soldados. Sob a liderança de Matitiahu, outros judeus aderem à revolta. Por oito anos o exército dos Macabeus luta pela libertação de Jerusalém e de Israel. Após a morte de Matitiahu, seu terceiro filho, Yehuda Há Macabí (Judá o Macabeu), assume o controle da revolta e leva o exército dos Macabeus à vitória sobre o exército grego sírio no ano de 165 a.C .

 

 

 

O Milagre

 

 

 

Livres então do domínio e da ocupação do exército grego-sírio, os macabeus dão início à purificação do Templo em Jerusalém. No dia 25 do mês de Kislev, no ano 162 a.C., eles realizam, com grande celebração, a re-dedicação do Templo com a consagração de um novo altar. O chamado ner tamid (fogo eterno) foi novamente aceso na menorá, o grande candelabro de sete pontas no interior do templo. Mas o óleo de oliva consagrado para queimar na menorá era suficiente apenas para mantê-la acesa por apenas um dia, e levaria no mínimo uma semana para se preparar mais óleo. Então, por um milagre do D-us Todo Poderoso, o fogo na menorá continuou queimando por mais 8 dias, tempo necessário para a preparação do novo óleo, conforme o relato no livro de II Macabeus.

 

 

 

Alguns rabinos e autoridades teológicas judaicas consideram como sendo milagre não só os oito dias da queima do fogo na menorá no interior do Templo, mas também a vitória do exército dos Macabeus sobre o poderoso Exército Sírio-Grego. Eles lembram que o Exército dos Macabeus era, em sua maioria, composto por sacerdotes, os quais não possuíam experiência em batalhas, armas ou táticas de guerra. Eles se refugiavam nos montes e nas cavernas ao redor de Jerusalém, e atacavam de noite e sob a forma de ataque surpresa em diferentes pontos da cidade. 

 

 

 

A Festa para os judeus

 

 

 

Desde então, os judeus celebram a chamada Festa da Dedicação (ou festa de Hanukká) todos os anos, durante oito dias, representando os oito dias do milagre do fogo no Templo. O maior símbolo de Hanukká é o candelabro de nove pontas - a Chanukía, como é chamada. A Chanukía possui oito velas e uma vela central, mais alta que as outras, chamada de Shamásh (servo). É costume judaico colocar a Chanukía na janela das casas, de maneira que todos possam vê-la e se lembrar do milagre.

 

 

 

Também é comum, nas noites de Hanukká, a comunhão familiar e entre amigos. O uso de jogos durante Hanukká surgiu na Idade Média, quando os judeus eram proibidos de guardar as tradições e as festas. Eles então, durante as festas, utilizavam-se de variados jogos, para que se alguém estranho os visse, não desconfiasse de que se tratavam de judeus realizando alguma cerimônia. Dentre estes jogos, os mais usados eram a Dama e o Dreidel (dado). Este último era muito utilizado durante Hanukká, e acabou por se tornar um dos símbolos da mesma. No Dreidel, tem-se um dado de 4 faces, e em cada face uma das seguintes letras do alfabeto hebraico: nun, guímel, hêi e shin, que são as iniciais da frase: (Nés gadól haiá shâm) “Um grande milagre ocorreu lá!”. 

 

 

 

Os judeus celebram, nesta festa, a alegria de serem judeus, o povo escolhido por D-us.

 

 

 

Qual seria o significado desta festa para o crente em Jesus Cristo ?

 

 

 

Cremos que os crentes em Yeshua (Jesus) têm bons motivos para celebrar esta festa bíblica, se assim o desejar. O tema principal de Hanukká é a re-consagração do Templo, e I Co. 6:19-20, relata que nós, crentes nascidos de novo, somos o Templo do Espírito Santo. Somos co-herdeiros em Yeshua das promessas de Abraão (Gl. 3:29).

 

 

 

Nesta celebração, nós crentes temos a oportunidade de nos re-consagramos, re-dedicando nossas vidas integralmente ao Senhor. Não que precisemos de um dia específico para uma reconsagração. Afinal, estamos debaixo da graça de D-us. Mas, trata-se de uma oportunidade na qual podemos celebrar esta data, alegrarmo-nos coletivamente por termos sido salvos, agradecendo a D-us por este privilégio enquanto tantos ainda perecem separados do D-us de Israel. Além do mais, somos luz, mas vivemos em um mundo que jaz em trevas, que muitas vezes nos contamina, exercendo sobre nós todo tipo de influência negativa. Então, neste dia, sentimos a liberdade de fazer nossa reconsagração, declarando coletivamente que somos livres de qualquer peso e julgo em Yeshua Ha Mashiach. Se meditarmos um pouquinho, quantas vezes pecamos quando comemos, bebemos, ouvimos, vemos o que não deveríamos; tocamos em coisas que não deveríamos tocar, etc. Arrependemo-nos, então, e consagremo-nos ao Eterno. D-us nos dá a santidade, mas quem decide manter-se em santidade somos nós.

 

 

 

Lembremo-nos dos Livros de Esdras e Neemias. Na reconstrução do Templo, a primeira coisa que se fazia era reconstruir o altar, depois o Templo propriamente dito e, finalmente, os muros. Em outras palavras, não se consagra o Templo sem que se passe primeiro pelo altar de sacrifício, de arrependimento e de santificação.

 

 

 

Isto também se aplica a nós. Primeiro, passamos pelo “altar” do Senhor nos arrependendo. Depois, sim, reconsagramos nossa vida, santificando-nos e nos purificando. No livro de Neemias, vemos a edificação dos muros da cidade. A ordem da restauração era: altar, templo, muro e cidade. Da mesma forma, a ordem para nós é: arrependimento, santidade, edificação e maturidade (representando o local e o estado em que vivemos). Mas, toda esta “dedicação” ao Senhor só pode ser feita por meio do Espírito Santo, o óleo que é multiplicado, derramado em nossas vidas, revelando a pessoa de Yeshua Há Mashiach.

 

 

 

Assim como o azeite colocado na Menorá (candelabro de 7 pontas) ou na Chanukía (candelabro de 9 pontas) era puro, sem cheiro e sem fumaça quando queimado, assim também deve ser nossa vida para o Senhor Adonai. Temos que brilhar e reluzir graciosamente a beleza da natureza de D-us através de Seu filho Yeshua.

 

 

 

Agora, entendendo mais um pouco sobre tudo isto, podemos celebrar alegremente nosso culto de Ação de Graças (I Te: 3:9).

 

 

 

Hag Hanukká Samêarr! Feliz Festa de Hanukká!

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