NO 40º ANIVERSARIO DA GUERRA DE YOM KIPPUR: A HISTÓRIA DE UM SOLDADO

18-04-2015 12:40

No 40º Aniversário da Guerra do Yom Kippur: A História de Um Soldado

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TESTEMUNHO

No 40º Aniversário da Guerra do Yom Kippur: A História de Um Soldado

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Uzi Lotam

Casamento e lua de mel na Europa
​Junho de 1973 foi um mês particularmente quente e úmido em Tel Aviv. No entanto, minha noiva e eu tínhamos feito nossos planos de nos casarmos naquele verão, independentemente do clima… eu tinha apenas 23 anos de idade e minha futura esposa 21. Embora fôssemos jovens, já tínhamos cumprido nosso serviço obrigatório nas Forças de Defesa de Israel. Eu servi no Sinai, um verdadeiro rato do deserto, e ela serviu em uma base da Força Aérea, perto de Tel Aviv. Foi na mesma época da Guerra de Atrito (1968-1971) entre o Egito e Israel, no Canal de Suez. Nós dois já sabíamos em primeira mão o custo daquela guerra!
​Para a nossa lua de mel, nós voamos para a Suíça no começo de setembro de 1973. Voltamos para Israel no último voo da El Al, sexta-feira, 5 de outubro, véspera do Yom Kippur, pouco antes do aeroporto ser fechado por cerca de 30 horas. Você vê, durante o Dia da Expiação, tudo fecha por um dia: aeroportos, portos marítimos, rodoviárias, ferroviárias, táxis, rádio, TV, restaurantes e cinema. Nas rodovias, todo o tráfego também para. O Yom Kippur é um dia muito solene no judaísmo, especialmente quando cai em um sábado, como foi o caso em 1973.

06 de outubro de 1973: uma amarga conclusão
​Então, lá estava eu, eufórico após o período maravilhoso em Zurique, voltando para a serenidade, o silêncio e a reverência do Yom Kippur em Tel Aviv. Eu mal consegui desfazer minha mala. Lembro-me que naquela manhã de sábado fiquei sentado confortavelmente no sofá, perto da mesa de café, saboreando o sabor e aroma maravilhoso de nossa mistura preferida de café israelense…
​Depois de terminar o café, seguindo um impulso esquisito, senti como que sendo “empurrado” dentro de mim a ligar meu rádio portátil. Tentei sintonizar a BBC World, já que as transmissões de Israel estavam encerradas por causa do Yom Kippur, e foi ali que ouvi no noticiário britânico que Israel havia sido atacado simultaneamente, sem aviso prévio, por dois países árabes: no Sinai, sul, pelo Egito; e nas Colinas de Golã, norte, pela Síria. Ninguém em Israel parecia ter se preparado para aquilo: nem o governo nem o exército!
​Até então, os egípcios conseguiram atravessar o Canal de Suez para o Sinai, de onde tinham sido expulsos há seis anos, durante os seis dias de guerra de 1967. Eles estavam atacando a grande península, quase sem impedimentos. Os sírios estavam fazendo o mesmo nas Colinas de Golã, de onde também tinham sido expulsos em 1967. Se não fossem impedidos, eles poderiam chegar à Galileia, e só Deus sabe o que poderia resultar dali…
​A maioria do pessoal de combate das FDIs não é composta de recrutas, mas sim de reservistas civis, convocados regularmente para fazer treinamento e manobras. No caso de uma convocação de emergência, eles precisam se apresentar imediatamente! E foi isso que aconteceu no Yom Kippur de 1973.
​Quando eu sai de casa, vi homens correndo nas ruas, saindo das sinagogas no meio das orações, correndo para casa para pegar seus equipamentos de combate. Não muito tempo depois, comecei a ver veículos do exército, uma visão incomum no Yom Kippur, subir e descer as ruas desertas, passando de casa em casa para pegar os homens. Foi quando soou a horripilante sirene.

De lua de mel para o inferno!
​Liguei para o meu pai, já que meu equipamento militar e uniformes ainda estavam na casa dos meus pais. Por ser um repórter, ele tinha uma credencial de “IMPRENSA” em seu carro, que lhe permitia dirigir sem o risco de ser apedrejado pelos ultraortodoxos…
​Naquele momento eu soube, lá no fundo e em mais de uma maneira, que a minha lua de mel havia, de fato, acabado!

Sinai, de 8 a 24 de Outubro: Minha Guerra do Yom Kippur
​O que eu não sabia, no entanto, era a extensão e magnitude do inferno que enfrentaria. Minha posição no exército era fazer o que eu sabia de melhor: dirigir um tanque americano, o M48A3 Patton, modificado e melhorado por Israel.
​Eu tive a honra de dirigir o tanque para o segundo no comando do comandante do batalhão – Ehud Barak, o soldado mais condecorado nas FDIs. Em 1991, Barak se tornou Chefe do Estado-Maior de Israel, durante o qual a Forças Armadas dos Estados Unidos concederam-lhe a Medalha de Honra ao Mérito da Legião Americana. Barak, depois, tornou-se nosso Primeiro-Ministro, e mais recentemente foi o ministro da Defesa de Israel. Mas em outubro 1973, Barak foi convidado a encerrar seus estudos na Universidade de Stanford, na Califórnia, para ajudar nos esforços de sobrevivência!
​Havia muitos outros homens israelenses na mesma posição que Barak: espalhados por todo o mundo para fazer negócios, estudar ou em férias. No entanto – quando as coisas na Terra Santa ficam difíceis, os durões voltam para cumprir seus deveres, mesmo que ninguém os peça para fazê-lo!
​A maioria desses homens nem sequer tinha sido designada para unidades específicas. E nem eu. Barak, rapidamente, formou um novo batalhão de blindados a partir do zero – O Batalhão 100, da Divisão Blindada 460, todos nós reservistas não designados.
​Levamos dois dias para chegarmos ao campo de batalha no Sinai. Deslocar um batalhão de tanques inteiro, incluindo 36 tanques, 15 APCs, cozinha, mecânicos, caminhões com munições, caminhões de combustível, peças e comida é uma operação gigantesca! Nós só participamos mesmo da guerra do 3º ao 18º dia!

Egito, 24 de outubro: A Graça do meu Salvador estava sobre mim…
​Apenas uma hora antes da guerra terminar oficialmente, no dia 24 de outubro de 1973, foi-nos dito para “pegarmos cinco” antes de entrarmos na cidade egípcia de Suez. Foi então que a minha participação na guerra chegou a um fim abrupto. Fui ferido por estilhaços na cabeça de uma chuva de morteiros enquanto descansava sobre o meu tanque.
​Eu senti o impacto, mas não sabia que estava ferido. Foi só quando entrei no tanque e comecei a pilotá-lo de forma errante que meu comandante percebeu que eu estava ferido e me mandou parar. Tornei-me um dos 7.200 soldados feridos de Israel.
​Não muito tempo depois de eu ter sido retirado do meu tanque, poucos minutos antes do cessar-fogo e da cessação oficial de todas as hostilidades ser declarada pela ONU, meu tanque foi atingido por outro tanque israelense! O soldado que tomou o meu lugar morreu na hora! Ele foi um dos 2.297 soldados israelenses que morreram naquela guerra. Nosso atirador fiel, Isaac, perdeu o braço esquerdo com o meu relógio de pulso nele – meu precioso presente de casamento…
​Dá para imaginar que tomar parte em uma guerra tão cruel, logo após os Alpes Suíços, não me feriu apenas no corpo. O grande contraste entre uma lua de mel e uma guerra infernal era o suficiente para deixar qualquer um louco!
​Minha lesão no sistema nervoso causou um fenômeno inusitado: paralisia em ambas as pernas, perda do controle da bexiga, problemas de orientação e impedimento na fala. No entanto, esta lesão desagradável também salvou a minha vida – em mais de uma maneira!

Novo Nascimento na África do Sul
​Dezessete anos depois, em 1990, aos 40 anos, saí de Israel como um homem dividido no corpo e na alma. Eu tinha recuperado a fala e havia me recuperado de outros problemas da lesão, mas eu ainda não conseguia andar sem muletas ou aparelho e não sentia absolutamente nada na perna esquerda, do quadril para baixo.
​Eu consegui um trabalho na área de tecnologia na África do Sul e deixei para trás um casamento desfeito e uma filha de 10 anos de idade. Chegando em Johanesburgo, eu conheci uma pessoa perto do hotel onde a minha empresa tinha me colocado e ela começou a me testemunhar sobre a salvação e a vida eterna. Três semanas mais tarde, eu entreguei meu coração e minha vida a Yeshua – Jesus.
​Três meses mais tarde – exatamente 17 anos depois que fui ferido, eu estava na igreja Rhema e o pastor impôs as mãos sobre mim e orou por cura. Eu caí no chão e comecei a sentir uma terrível dor na perna esquerda – a perna que eu não sentia nada do quadril para baixo por 17 anos. Então eu levantei a perna no ar, mesmo com o peso do aparelho. Depois levantei a direita, que tinha sofrido menos ferimentos. Eu estava curado!

Pensamentos de um messiânico, mais velho e mais sábio…
​Hoje, messiânico com 63 anos de idade e morando na Terra Santa, minha relação com esse aniversário é uma resposta em duas vertentes: pessoal e nacional.
​Eu tenho minha própria saga do Yom Kippur para contar: de como Deus, em sua misericórdia, pegou um paralítico israelense de 40 anos, e pela graça levou-o para a África do Sul para ser salvo e curado, depois de 17 anos de tormento e ódio de Deus! O tormento cessou no momento da salvação. A cura do corpo e da alma veio pouco depois! Ele ainda está no processo de curar minhas lembranças do cheiro horrível de carne humana queimada, dos gritos dos companheiros gritando por ajuda no rádio e outras questões – um processo demorado, parece…
​Mas eu também tenho meus próprios pensamentos e sentimentos sobre os aspectos nacionais. Assim como a maioria dos cidadãos israelenses, eu sei o que levou Israel aos resultados quase catastróficos ainda no início da guerra. Nós não estávamos prontos. Nós não dependíamos do nosso Deus. Nós estávamos dormindo. Todos nós, que aqui viviam na época, lembramos bem de como Israel foi pego de surpresa no dia mais sagrado do calendário judaico, apenas 50 anos após o Holocausto. Como Israel quase foi varrido do mapa nas primeiras 48 horas da guerra. Sabemos também que, se o Guardião de Israel não tivesse intervindo, Israel não teria ganhado a guerra!

Epílogo
​Depois de ter exposto meus sinceros, e um pouco sombrios, pensamentos a vocês, eu ainda estou convencido de uma coisa importante: esta amada nação minha, terra onde a história do Evangelho começou, e onde os pés do nosso vitorioso Senhor se firmarão um dia, não há outro caminho a não ser reconhecer Yeshua e voltar-se para Ele! Ele é o único Príncipe Glorioso da Paz, o Sol da Justiça que traz a cura em suas asas!
​Deus ordenou que seu povo entre as nações participarão da nossa salvação. Eu oro para que durante estes Dias de Expiação, nossas Festas Sagradas, Deus Se revele a mais israelenses que buscam a Verdade. E minha oração é para que o Deus de Israel abençoe a todos vocês que continuam a abençoar este país.

Uzi Lotan é diretor da Editora Maoz e presbítero na Congregação HaMaayan Kfar Saba, Israel.

* Os Feriados Judaicos são fixados de acordo com o calendário hebraico e caem em datas diferentes do calendário gregoriano. Em 1973, o Yom Kippur caiu no dia 6 de outubro.

*Artigo Publicado no Jornal Maoz Israel Report

 

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