Pela terceira semana seguida ocorreram conflitos na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel. Os manifestantes palestinos continuam nesta sexta (13) como sua “Marcha do Retorno”, que deverá se estender até 15 de maio, data de comemoração da “Nakba” (catástrofe, em árabe), como chamam os árabes a proclamação da independência de Israel.
Em 18 de abril iniciam as comemorações dos 70 anos do ressurgimento de Israel como nação e a tendência é que as manifestações se intensifiquem, uma vez que EUA, Guatemala e Honduras preparam-se para inaugurar embaixadas em Jerusalém, após reconhecê-la como capital.
Oficialmente, os conflitos de hoje deixaram oito palestinos feridos e não houve nenhuma morte, sendo o menos violento desde que Marcha teve início.
Grande parte da imprensa mundial continua divulgando os fatos de maneira distorcida, no conhecido filtro ideológico anti-Israel. A Agência France Press (AFP), por exemplo, distribuiu para todo o mundo os relatos de que os palestinos “atiraram pedras contra soldados israelenses, que responderam com tiros”.
Disse ainda que “os organizadores dos protestos pediram aos manifestantes palestinos que queimassem bandeiras israelenses e agitassem bandeiras palestinas”. AFP não ouviu nenhum representante de Israel.
Já a agência britânica Reuters mostrou que além da queima de bandeiras de Israel e de imagens do presidente Donald Trump, havia “jovens palestinos carregando nos ombros um caixão envolto em uma bandeira israelense com as palavras ‘O fim de Israel’ ”.
A Associated Press, agência de notícias norte-americana, foi a que mostrou com mais clareza os fatos que se desenrolaram ao longo do dia, sendo a única a registrar que as marchas desde 30 de março “foram organizadas pelo Hamas”. A reportagem ouviu Yair Lapid, líder do partido centrista israelense Yesh Atid, o qual lembrou que o Hamas é uma “organização terrorista” que explora civis para seus fins políticos e que o exército israelense está “operando de acordo com a lei internacional”.
Ou seja, os soldados de Israel utilizam balas de borracha e gás lacrimogênio para deter os avanços contra a cerca que estabelece a fronteira territorial e “força letal quando enfrentarem uma ameaça iminente a suas vidas”.
A questão central parece o mau uso do termo “protestos pacíficos”, algo que no Brasil por vezes é relativamente comum quando se fala sobre manifestações do MST. A queima de pneus que marcaram as duas últimas semanas nos conflitos em Gaza tem um objetivo declarado: criar uma cortina de fumaça para evitar que os soldados de Israel identifiquem o que está acontecendo do outro lado da cerca.
A opção israelense foi usar grandes ventiladores para dispersar a nuvem preta e poder agir com mais clareza, mas isso não foi o suficiente.
O que diz Israel
Cerca de 10 mil palestinos participaram de violentos tumultos em cinco localidades ao longo da fronteira hoje, segundo o Exército de Israel. Além de tentar atravessar a fronteira, vários manifestantes jogaram coquetéis molotov e bombas caseiras contra os soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF).
“A IDF não permitirá danos à cerca de segurança que protege os cidadãos israelenses e atuará contra os desordeiros violentos e todos os terroristas envolvidos”, disse um porta-voz do Exército.
Como vem fazendo todas as sextas-feiras, a IDF divulgou imagens e vídeos que mostram a tentativa de palestinos colocar um dispositivo explosivo junto à cerca. Hoje, uma dessas bombas caseiras explodiu no momento em que era colocada, ferindo vários palestinos.
O uso de palavras de ordem pedindo o “fim de Israel”, a queima de bandeiras de Israel e imagens de seus líderes ou apoiadores (como Trump) são comuns nas manifestações palestinas. Porém, conforme mostram as imagens há palestinos atirando e jogando bombas incendiárias contra os soldados da IDF. Pelas leis internacionais isso pode ser classificado como “ato de guerra”.
Atrás de cortina de fumaça da queima de pneus, homens armados tentam abrir brechas na cerca que separa os territórios e cruzar a fronteira. Isso é uma clara “tentativa de infiltração”. Desde o início da Marcha, ocorreram pelo menos três violações da fronteira, todas registradas em vídeo.
Além disso, dentre os 33 palestinos mortos, cerca de um terço já foram confirmados como membros do Hamas, da Jihad Global, ou das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupos considerados organizações terroristas pelos Estados Unidos, União Europeia e outros.
Investigação da ONU
Desde o início da “Marcha do Retorno”, diferentes órgãos internacionais manifestaram-se sobre os conflitos na fronteira. A grande maioria acusou Israel de “uso desproporcional da força”.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, anunciaram que pretendem fazer uma investigação sobre as ações das Forças de Defesa de Israel, mas nenhum deles falou sobre o Hamas. Com informações de Times of Israel e Jerusalém Post
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