Por quase 40 anos, a fronteira entre Israel e a Síria tem sido silenciosa em Israel, mas nos últimos anos tornou-se uma das mais perigosas.
A guerra civil síria, que começou em 15 de março de 2011, deixou quase meio milhão de mortos. Milhões de refugiados fugiram do país e outros milhões ficaram na Síria. Mas no meio de todo o perigo e caos, Israel está trabalhando para mudar corações e salvar vidas.
Na maior parte, Israel ficou fora da sangrenta guerra civil da Síria. Mas como o Estado judeu poderia reagir a essa crise e às pessoas do outro lado da fronteira? Ele decidiu ser um bom vizinho.
O tenente-coronel Marco Moreno serviu na inteligência militar israelense por 25 anos. Depois que a guerra civil síria começou, o exército o encarregou de encontrar a resposta certa para a carnificina.
A CBN News conversou com Moreno perto da fronteira norte com a Síria.
"A que distância está essa luta?" CBN News perguntou a ele. "Meia milha", disse Moreno, antes de explicar como o projeto surgiu.
"No final, pegamos um caminho muito singular, que foi oferecer ajuda humanitária ao lado sírio, que significa comida, remédios e [e] tratamento médico, ajudando-os em suas dificuldades, suas horas mais difíceis", explicou.
"Mas sem pedir nada em troca?"
"É, sem pedir nada em troca. É meio que pensar fora da caixa, e não é algo que você pode encontrar normalmente - esse tipo de mentalidade - no exército israelense", disse Moreno.
Esse plano "fora da caixa" tornou-se o "Projeto Boa Vizinhança". Ao longo de vários anos, forneceu toneladas de alimentos, combustível e suprimentos para os vizinhos sírios de Israel, do outro lado da fronteira. As forças armadas israelenses também trouxeram milhares de pessoas que precisavam de tratamento médico para Israel, apesar da relação de guerra com o governo sírio.
O objetivo é simples
"Conquistar os corações e mentes, dizer 'escute, Síria, nós somos seus vizinhos, ok? Nós não queremos machucá-los. Queremos apenas amar vocês e ajudá-los a viver em paz como vizinhos, bons vizinhos", disse ele. "É uma mudança no jogo".
Dalton Thomas, fundador da 'Frontier Alliance International' (FAI) disse à CBN News: "O que me chamou a atenção como uma das dimensões mais profundas de toda a história foi que eram relações entre homens e mulheres, relação e equidade relacional e confiança. E isso me surpreendeu, e eu queria me envolver nisso".
Moreno convocou Thomas para enviar equipes médicas cristãs para dentro da Síria.
"A questão é que eles não têm nada lá, então eles querem e precisam de tudo em um nível médico", explicou ele. "Todos os hospitais foram bombardeados. Os médicos foram assassinados ou deslocados ... não há mais ninguém lá".
Mas quem iria para o que se tornou o lugar mais perigoso da Terra?
Emanuel Anzele, diretor de campo da FAI na Síria, disse: "Uma história que me instigou bastante a fazer isso foi a história do bom samaritano". Anzele, que liderou a primeira equipe na Síria, encontrou seus vizinhos sangrando e morrendo.
"Você vê de tudo, desde doenças crônicas, diabetes, pressão arterial, e tem alguém com a perna explodida ou a barriga cheia ou todo tipo de trauma que você possa imaginar", disse ele.
As condições são abismais
A enfermeira da FAI, Brittany Zimmerman, lembra-se de ter pensado "no que eu me meti" ao ter um choque de realidade, chegando a [o que restou de] um hospital em para tratar vítimas da guerra.
"A primeira coisa que eu vi foi o hospital e eu me lembro de andar e lembro de sentir o cheiro deles, que tiveram muitos traumas naquele dia e eu lembro de sentir o cheiro de sangue e só entrar ali, pensando 'Oh meu Deus, o que eu fiz? Onde eu fui me meter?”, confessou Zimmerman à CBN News.
Ela também se encontrou em uma zona de guerra. Ela veio com a médica da FAI, Dra. Tanya Obrera e cirurgiã e tradutora Melanie Paurus. Juntas, elas foram para a Síria para ajudar as pessoas presas no fogo cruzado.
Como cirurgiã-chefe, Obrera enfrentou procedimentos que nunca havia visto na vida civil. Mas ela experimentou a liderança de Deus nos momentos em que começou um procedimento cirúrgico ou outro tipo de procedimento.
"Senti que Deus me iluminava, me dava a compreensão de como realizar esses procedimentos, seja uma cesariana, uma amputação, uma circuncisão. O que quer que fosse Deus me mostrou", ela disse.
"Mas por que um lugar tão perigoso?" CBN News perguntou. Paurus traduziu sua resposta.
"Se qualquer coisa tenta me desanimar ou me assustar, quando eu leio a Bíblia, o que eu vejo é um Deus que é poderoso nas batalhas; um Deus que intervém em um momento de terrível sofrimento ou necessidade", disse ela. "Então, quando eu leio isso, é fácil confiar em Deus, confiar que ele me protegerá, que me abrigará. E se Ele me chamou, eu creio que Ele me protegerá também", disse ela.
O tenente-coronel Moreno disse: "Eles são guerreiros".
"Você tem dois tipos de guerreiros", disse ele. "Um está carregando uma arma, lutando, protegendo sua nação como eu era por 25 anos. O outro tipo de guerreiro é um guerreiro com uma Bíblia. Com a verdadeira crença em seu coração para servir ao Senhor, ele precisa fazer o que ele precisa fazer. "
"Lembre-se que as equipes que estão dentro não são uma unidade especial ... Síria é o lugar mais perigoso do mundo. Tudo pode acontecer na Síria - tudo - e eles vivem em casas ruins sem água quente, comida ruim, eles não têm qualquer banheiro, dormindo às vezes no chão, mas eles são crentes. Eles estão fazendo isso porque eles amam Israel e porque eles amam Jesus. Eles querem ajudar, em nome de Jesus, os muçulmanos. Isso é uma coisa muito honrosa ". ele disse.
A Dra. Obrera, conhecida por seus pacientes como a Dra. Tanya, disse: "O Senhor me deu o amor que me obrigou a ir além do risco".