NETANYAHU VIAJA PARA WASHINTON EM DISCURSO HISTORICO

02-03-2015 13:39

Com um amigo como Netanyahu…

Netanyahu com Boehner (à esq.), companheiro do desastre diplomático em 2001

Netanyahu com Boehner (à esq.), companheiro do desastre diplomático em foto de 2011

Benjamin Netanyahu está em Washington. A viagem aos EUA culmina uma temporada de inépcia diplomática do primeiro-ministro israelense. Entre suas façanhas desde janeiro, quando ocorreram os atentados do terror islâmico em Paris, podemos enumerar:

1) conclamar os judeus europeus a emigrarem para Israel em função de antissemitismo, assim criando divisões nas comunidades judaicas de países europeus, forçadas a se posicionar entre as garantias de diversos governos de que tudo está sendo feito para protegê-las e o alerta nada diplomático de Netanyahu de que os judeus devem renegar seus países de origem.

2) irritar profundamente dirigentes europeus, a destacar o francês François Hollande, que insistem em dizer que os países europeus não são o que são sem os judeus. Netanyahu irrita também por seu simplismo de rotular a Europa em geral como anti-Israel e pendendo para o lado palestino em um conflito altamente complexo.

3) Netanyahu conseguiu criar rachas no poderossíssimo lobby pró-Israel no Congresso dos EUA, ao aceitar o convite malicioso do presidente republicano da Câmara dos Deputados, John Boehner, com o objetivo de desmoralizar o presidente Barack Obama, para falar no Legislativo nesta terça-feira sem consultar a Casa Branca democrata. Boehner rompeu o protocolo e Netanyahu a regra elementar ao tornar o apoio a Israel uma questão partidária e de lealdade aos EUA ou a Israel.

A Casa Branca pediu que este discurso não fosse feito e sua realização levou para o patamar mais baixo as relações entre Barack Obama e Benjamin Netanyahu. Agora são algumas mesuras de última hora, como o primeiro-ministro israelense dizer antes de partir para Washington no domingo que ele “respeita” o presidente americano. Tudo no esforço patético para consertar um pouco o estrago. A profunda antipatia é mútua entre Obama e Netanyahu.

Netanyahu alega que o discurso é urgente devido à ameaça nuclear iraniana e o cenário de um acordo impulsionado por Obama em que este programa nuclear de Teerã será meramente contido, algo de fato inquietante, embora a opção de  um ataque militar contra as instalações nucleares seja também perturbadora.

Igualmente urgente é a necessidade para Netanyahu ganhar votos na reta final da campanha eleitoral israelense de 17 de março, em uma disputa suadíssima. Ele quer o holofote, tenta neutralizar o risco de perder votos para a extrema direita e joga para mostrar que os desafiantes de centro-esquerda são frouxos sobre o Irã, algo mentiroso. Meu guru Jeffrey Goldberg diz que a motivação de Netanyahu é perder o emprego. Ao falar no Congresso, ele quer mostrar ao eleitor que é o único líder nacional capaz de peitar o regime genocida de Teerã e o “regime” de Washington, ou seja, a Casa Branca avessa aos interesses de Israel.

Tudo isto em um contexto em que 2/3 dos judeus americanos são alinhados ao Partido Democrata e com muitos dos quais identificados com a coalizão de centro-esquerda Campo Sionista. Assim, Netanyahu cria dilemas para os eleitores israelenses e para os judeus americanos. Por que eles precisam escolher entre seu apoio institucional aos interesses de Israel e o apoio ao joguinho eleitoral de um primeiro-ministro que tenta manter o cargo?

O dilema para os judeus americanos já será vivido intensamente nesta segunda-feira, quando Netanyahu discursar diante do Aipac, o poderoso lobby pró-Israel nos EUA. Aplaudir o primeiro-ministro de forma efusiva será um repúdio ao governo Obama? Por que colocar um judeu democrata diante desta situação? Atualização às 13:20: no discurso desta segunda-feira, Netanyahu, como se esperava, disse que “não irá desrespeitar” o presidente Obama no pronunciamento de terça-feira e que as relações entre Israel e os EUA “são mais fortes do que nunca”.

Na avaliação de Meir Dagan, ex-chefe do Mossad (o serviço de espionagem de Israel), Netanyahu está causando um “pesado dano estratégico” na questão iraniana, ao antagonizar o governo Obama. Ademais, gerou riscos “intoleráveis” ao enfraquecer os laços de Israel com seu grande aliado americano. Na síntese de David Horovitz, do site The Times of IsraelNetanyahu tão errado por confrontar Obama e tão certo sobre o Irã.

Dagan e Horovitz concordam num ponto essencial: o aiatolá Khamenei só tem motivos para celebrar as ineptas ações do “pequeno Satã” que hoje lidera Israel. Fonte Veja

 

 

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